Agônica

Estou morrendo. Definho um pouco por minuto, perco massa, líquidos, nutrientes. Tudo o que me compõe – ou compunha – se esvai de meu corpo cada vez mais rápido. Ouço dizer que me amam, porém sinto que apenas me exploram, usurpam, vilipendiam. Acho mesmo é que sou odiada. Destroem a mim e a tudo o Leia mais… »

Alguém pra segurar a minha mão

“Se morrer é um evento natural da vida, não podemos tirar das pessoas o direito de morrer em paz”. Essa foi uma das inúmeras frases marcantes que a jornalista Giovana Damaceno ouviu em horas de entrevistas e em visitas domiciliares, acompanhando o médico José Antônio Pereira Fernandes, do Serviço de Atenção Domiciliar de Volta Redonda/RJ. Leia mais… »

Papai Noel, não esperava vê-lo tão cedo

Quem me lê há muito tempo sabe que não gosto do Natal. Aliás, não é do Natal; é da fervura natalina que se inicia cada ano mais cedo e termina no dia 24 de dezembro, quando finalmente fecham-se as portas do comércio. Também não vejo a menor graça na comilança exagerada que se faz na Leia mais… »

Silêncio abafado

Há um silêncio que me incomoda, a ponto de provocar mal-estar. Um tipo de silêncio abafado, como se houvesse no ar uma pressão qualquer e, dessa pressão, um som sem som se fizesse ouvir. Já escrevi sobre dias frios, sobre o silêncio dos dias frios. Lembro bem daquela manhã – estava em um banco de Leia mais… »

No Jardim do Ogro

Ela pode chocar, mas não surpreende. Não pelo tema. “No Jardim do Ogro” (Tusquets, 2014) é o primeiro romance de Leïla Slimani, embora “Canção de Ninar”, de 2016, tenha sido seu livro de estreia, com boa recepção por leitores brasileiros. Entre os dois, prefiro “Canção de Ninar”. Para um primeiro romance, dá gosto ver a Leia mais… »

Drusa de Ametista

As residentes da casa de repouso quase nunca experimentavam um dia diferente, uma novidade que escapasse dos cuidados diários repetitivos e das minguadas visitas. Eram poucas internas na pequena morada para mulheres, em que viviam de seus próprios silêncios e lembranças. Quando muito, faziam suas refeições na mesa da sala ou tomavam sol no jardim. Leia mais… »

Tudo que morde pede socorro

“Algumas de nós lutamos uma escuridão inteira para soltar as nossas patas das armadilhas velhas e enferrujadas. E quando tudo parece fim, nos lembramos do não, essa palavra de alforria. Que avisa às nossas dores que a desistência não é uma escolha.” Digo sempre que não escrevo resenhas, porque não sou muito afeita às descrições Leia mais… »

Nenhum espelho reflete seu rosto

“(…) fui criada para prezar a harmonia acima de tudo, às vezes pagando caro para mantê-la.” Essa foi a primeira frase que marquei, durante a leitura de “Nenhum espelho reflete seu rosto”, novo romance de Rosângela Vieira Rocha, lançado pela editora Arribaçã. A afirmação da protagonista Helen define o perfil de muitas de nós, mulheres, Leia mais… »

Desenlace de família

Aquele rosto me era estranho. Não porque jazesse inerte, dentro do caixão. Não porque, coberto de flores, não pudesse reconhecer-lhe o físico. Não porque cheirasse mal. A tez morena, avermelhada, feito índio; os cabelos brancos encaracolados; os lábios finos, sem curvatura, como se traçados num único risco de dois lápis. Aquele rosto me inspirava desprezo, Leia mais… »

“Os meninos vão olhar pra minha bunda e querer ficar comigo?”

As redes sociais abriram espaço para a proliferação das denúncias. O movimento #MeToo ampliou a força e a voz das vítimas. As mulheres botaram a boca no trombone e revelaram abusos e abusadores protegidos há décadas pelo machismo estrutural. Infelizmente, é necessário aumentar o tom da gritaria, juntar mais gargantas, fazer coro também fora da Leia mais… »